Quais são as técnicas operatórias mais importantes para ajudar os alunos a se saírem bem na Matemática?
Estas são algumas perguntas que muitas vezes atormentam pais, professores e alunos quando o assunto é Matemática. Ela não precisa ser um bicho de sete cabeças, nem
para o professor nem para os alunos. Tudo é uma questão de conhecer diferentes
maneiras de introduzir a matéria e estimular a criatividade da criançada - e dos adultos também.
Para isso, é muito importante que você – pai/mãe, professor ou
interessado em ajudar uma criança nos assuntos matemáticos - estude e selecione atividades que estimulem
o aprendiz.
Podem ser vários recursos – os tradicionais e também os
lúdicos, como os jogos, músicas e até brincadeiras.
Para responder àquelas perguntas iniciais escolhemos dois estudiosos que nos oferecem sugestões importantes sobre como escolher atividades para ensinar Matemática. Escolhemos o professor Júlio César de Mello e Souza, mais conhecido como Malba Tahan e a matemática, professora, escritora e psicopedagoga Luzia Faraco Ramos. a
Malba Tahan: o professor ou o contador de histórias?
A Matemática no dia a dia: 20 situações Matemáticas
Para compreendermos melhor como a matemática está presente em nossa vida,elaboramos uma atividade cujo objetivo era desenvolver o raciocínio lógico, a leitura e expressão oral e trabalhar a habilidade de resolver problemas envolvendo operações de adição e subtração.
Para isso, perguntamos para um grupo de alunos do 5º ano sobre 10 situações em que necessitamos dos números ou das operações matemáticas.
Vejam suas respostas.
1) O salário do pai com a mãe
2) O preço do picolé do tiozinho (um senhor que vende guloseimas no portão da escola)
3) Nossa altura
4) O dia do aniversário
5) Para tomar um remédio. Quantos copinhos?
6) Para fazer um bolo: a receita e a quantidade dos ingredientes
Como o professor pode auxiliar a criança no processo de construção do número?
Número.... Criança.... Professor....
Quando pensamos em Matemática, logo nos vem a memória aquela ideia de contas complicadíssimas, números, letras e fórmulas que muitas vezes dizem muito pouco da nossa realidade. Achamos Matemática difícil e repassamos esta crença para os nossos alunos e filhos.
Mas será que Matemática precisa ser assim tão complicada?
Como nasce a ideia de número na cabecinha de uma criança?
1 2 3: APRENDENDO A MATEMÁTICA DOS NÚMEROS
A maior parte das crianças se diverte com os números. Elas começam a repeti-los, por exemplo, mostrando os dedinhos quando perguntamos sua idade. Depois começam a contar os números - 1 , 2, 3, 4 ... - e da mesma maneira que se encantam com as letras, também ficam curiosas sobre os numerais.
No começo, a criança não tem a menor ideia do significado de número. Ela apenas repete o que os adultos falam sem compreender a relação que existe entre número e quantidade.
Segundo Piaget, para que a criança possa desenvolver o conceito de número é importante que ela desenvolva três conhecimentos: conhecimento físico, conhecimento social e conhecimento lógico-matemático.
Conhecimento Físico
A criança precisa ter contato com muitos materiais porque ela constrói o seu conhecimento através do concreto. Lembra do Piaget? Isso mesmo...A criança precisa manipular vários objetos para reconhecer as semelhanças e diferenças entre eles. Tamanho, cor, peso, altura, forma, textura - quanto mais a criança manipular objetos melhor ela desenvolve o seu cognitivo.
Conhecimento Social
São as convenções sociais passadas de geração em geração. Está relacionado à cultura do indivíduo. Festas e costumes, tradições, datas comemorativas, nome dos objetos. Este conhecimento faz com que a criança se aproprie do mundo dos adultos.
Conhecimento lógico-matemático
O conhecimento lógico-matemático não pode ser ensinado, pois acontece pela ação reflexiva da criança sobre os objetos que ela manipula. Esta ação ajuda a criança a estabelecer relações importantes como comparação, seriação, classificação, correspondência, sequenciação.
Então pais e professores precisam estimular a criança para mexer nos objetos?
Exatamente. Não apenas mexer nos objetos, mas acima de tudo experimentá-los. A criança, no início de sua vida, adquire o conhecimento através dos sentidos. Então, para que ela construa o seu conhecimento, ela deverá pegar o objeto, sentir as textura e perceber o peso. Precisa ser conduzida para observar o formato e identificar as cores. Se for possível, deve também sentir o cheiro e perceber as diferenças que existem naquele objeto comparado a outros. Experimentando os objetos a criança começa também a experimentar o mundo.
foto: google imagens
Como ajudar a criança a perceber a relação entre número e quantidade?
Para compreender a relação que existe entre número e quantidade a criança deve vivenciar situações em que ela tenha que contar, comparar, medir, ligar e preferencialmente, deve fazer isto brincando.
Por isto é importantíssimo brincar com as crianças da Educação Infantil e das primeiras séries do ensino fundamental. O professor pode brincar de:
amarelinha,
de pique-esconde (a criança conta de 1 a 10 para poder procurar o amigo),
de pular corda (eu quero saber a idade do seu namorado: é 1, é 2, é 3.... ),
de boliche
de cabo de guerra
de jogo da velha
de bingo
de jogar bola no cesto e marcar os pontos
de bola de gude
queimada
brincar com pneus (permitir que a criança pule dentro e fora, que conte os pneus, que separe os pneus em grupos)
jogo da memória
dominó
cartas de baralho
ATENÇÃO: Recomendamos fortemente que você conheça estas ideias interessantes para estimular a criança a formar o conceito de número de forma criativa e lúdica. Para não ferir os direitos de uso das imagens, deixamos apenas o link para você, ok? a
Outra forma de ajudar a criança na construção do conceito de número é envolvê-la em atividades de ajuda na sala de aula. Quer um exemplo?
- João pegue dois livros na estante para a nossa roda de conversa.
O João busca um ou traz vários livros.
A professora mostra pra o João.
- Olha João. Um livro. Dois livros. Guarde os outros livros na estante.
Outro exemplo? - Maria, vá na secretaria e pegue duas canetas para mim. Certamente, a Maria vai voltar brincando com as canetas e enquanto isso vai estabelecendo internamente a relação entre o número dois e a quantidade de canetas que ela trouxe.
foto: Getty Images
E o Zero? Onde ele entra na História?
Sabemos que levou muito tempo para que o zero pudesse ser representado graficamente.
Zero significa ausência de quantidade.
Da mesma maneira que a criança vai compreendendo que 1 significa uma unidade de algo, aos poucos, ela vai perceber que o zero é um jeito de dizer que não existe aquele objeto naquela situação.
Um jeito bem legal de se trabalhar com o zero é ir trabalhando com o próprio corpo.
Desenha um bonequinho no quadro e vamos contando.
- Quantos olhos?
- Dois.
- Quantas mãos?
- Duas.
- Quantas orelhas?
- Duas.
- E o nariz?
- Um.
- E a boca?
- Uma boca, tia.
- E rabo? Nós temos rabo?
- Nãoooooooooooo.
- Ah.... vamos arrumar um jeito de marcar (de escrever) que nós não temos rabo?
- Vamos!
- Vamos fazer uma bolinha. O Zero!
O ÁBACO E AS 4 OPERAÇÕES
Adição, subtração, divisão ou multiplicação?
foto: google imagens
A adição
A ideia de adição está presente na vida de todos nós. O que você quer comer? perguntamos às crianças. E elas nos respondem: - Eu quero um pastel e um guaraná.
Aqui já existe a ideia de acrescentar, de juntar. A criança não quer só um pastel. Ela quer um pastel MAIS um guaraná. (E se dermos bobeira, as crianças vão querer muito mais, não é mesmo?)
Então o primeiro mito que precisamos vencer é que a criança precisa conhecer os números para depois aprender a adição. O que a criança precisa para internalizar o conceito de número é ter vivência de situações que explorem o uso deles no dia a dia.
Uma boa forma de se fazer isso é solicitar à criança que nos ajude em tarefas simples e corriqueiras.
- Vamos colocar a roupa no varal. Uma meia e um pregador. Uma meia e um pregador.
- Quantas meias estão no varal?
- Uma, duas.
- Quantos pregadores estão no varal?
- Um, dois.
- Olha que legal! Tem duas meias e dois pregadores.
- Olha como que escreve o número dois.
E mostra o registro daquele número. Mais interessante será se for a própria criança que colocar a meia e o pregador no varal.
- Quantos carrinhos você tem? Vamos contar e guardar na caixa. Um, dois, três....
É importante permitir que a criança verbalize o número, mesmo que ela diga errado, pois assim este conceito será formado internamente.
E a subtração?
Para compreender a subtração é preciso ter em mente que esta é uma operação mais complexa que a adição porque nela está envolvida ações de retirar, comparar ou completar. Não adianta o professor ou os pais insistirem na decoreba de situações-problema.
Olha só este exemplo - muito comum em nossas salas de aula.
A professora explica o problema. Fulano tem 05 bolinhas e Beltrano tem 10. Quantas bolinhas o Beltrano tem a mais que o Fulano?
Pronto! Está feita a confusão!!!
Se o professor não for paciente e não utilizar de materiais concretos para que os alunos percebam qual operação devem fazer, possivelmente muitas crianças farão uma adição, pensando que toda vez que aparecer a palavra mais no problema devem fazer continha de mais.
O mais importante no processo de construção do número é acompanhar o raciocínio da criança e perceber como ela pensa. É um trabalho que requer paciência e tempo para que ela vá compreendendo o processo de fazer operações com os números.
Multiplicar ou dividir?
O mesmo acontece com as operações que envolvem a multiplicação e a divisão. A criança precisa vivenciar situações em que o uso da multiplicação ou da divisão façam sentido para ela.
Não adianta obrigar a criança fazer um "monte" de contas. A criança precisa compreender a razão pela qual ela faz aquela operação matemática.
Vamos pensar numa situação muito comum na sala de aula. A professora recebe uma caixa de tintas para distribuir entre os alunos. Como ela pode fazer esta distribuição? E depois? . No final da aula, ela precisa conferir os potinhos, para saber se todos os alunos devolveram. Como resolver este problema?
Concluindo....
foto: google imagens
Todas as crianças tem o potencial para construir o conceito de número e esta construção acontece através da estimulação dos professores e dos pais. É importante deixar que a criança brinque, pergunte, critique e formule hipóteses para que este processo aconteça de maneira tranquila e sem medos desnecessários.
Aos pais e professores convém lembrar que é necessário respeitar o tempo de cada criança. As crianças são naturalmente curiosas e esta curiosidade é fundamental para a construção do conhecimento matemático.
O número é uma construção importante que a criança faz e leva para o resto da vida. Cabe aos adultos facilitar este processo para que seja um momento bom e divertido para os pequenos.
Afinal de contas, quem é que pode garantir que não estamos despertando um pequeno grande gênio?