Como registrar os cálculos da Matemática?
Quais são as técnicas operatórias mais importantes para ajudar os alunos a se saírem bem na Matemática?
Estas são algumas perguntas que muitas vezes atormentam pais, professores e alunos quando o assunto é Matemática. Ela não precisa ser um bicho de sete cabeças, nem
para o professor nem para os alunos. Tudo é uma questão de conhecer diferentes
maneiras de introduzir a matéria e estimular a criatividade da criançada - e dos adultos também.
Para isso, é muito importante que você – pai/mãe, professor ou
interessado em ajudar uma criança nos assuntos matemáticos - estude e selecione atividades que estimulem
o aprendiz.
Podem ser vários recursos – os tradicionais e também os
lúdicos, como os jogos, músicas e até brincadeiras.

a
Malba Tahan: o professor ou o contador de histórias?
Júlio César de Mello e Souza, mais conhecido como Malba
Tahan, nasceu em 06 de maio de 1895, na cidade do Rio de Janeiro. Engenheiro, professor e escritor, ensinava Matemática de uma maneira cativante, principalmente porque
utilizou da interdisciplinaridade como ferramenta para aguçar o raciocínio dos
alunos. Através da Literatura, Júlio César de Mello e Souza construiu histórias
interessantes para ajudar os alunos a se encantarem pela Matemática.
O seu mais famoso livro O Homem que Calculava conta a
história de Beremis Samir, um árabe que enquanto dirigia-se
a Bagdá, conseguia resolver todos os problemas que
enfrentava através da matemática.
Desta forma, de maneira lúdica, Malba Tahan comprova que a
Matemática é um conhecimento útil e relevante para todas as pessoas. Esta
crença ajuda o professor – principalmente das séries iniciais – a fortalecer a idéia
de que o ensino da Matemática precisa ser
contextualizado para facilitar a compreensão e o interesse dos alunos.
Um ponto importante da visão de Malba Tahan é a importância
de articular o ensino da Matemática com outras disciplinas, para criar nos
alunos a compreensão de que esta disciplina é importante para a vida, e não uma
disciplina isolada.
Meidani (1997: 145) ao comentar sobre a atuação do professor
Julio César de Mello e Souza diz que
(...) ele
tinha, sem dúvida alguma, uma relação muito íntima com o
conhecimento e
a pesquisa, como mostram seu currículo – deu aula de
diversas disciplinas, além da
matemática – e seus livros, nos quais aborda muitos aspectos do saber humano.
Fazia relações entre a matemática e outras disciplinas, observava a boa
expressão escrita de seus alunos, procurava estimular valores como o respeito,
a solidariedade e a generosidade entre eles, criava e recriava toda sorte de
estratégias a fim de garantir que sua disciplina fosse compreendida e amada por
seus alunos como ele mesmo amava. Era, avant la lettre, um professor de cidadania!
Podemos pensar que
Matemática deve ser compreendida como uma disciplina que nos leva a experimentar, a encontrar soluções para problemas práticos do dia a dia. Aliás, o vocábulo Matemática deriva dos vocábulos gregos “mathema”, que
designa todos os conhecimentos
adquiridos pela experiência, e “tica”, técnica, habilidade.
Neste enfoque, podemos considerar que uma das técnicas
utilizadas por Malba Tahan – ou pelo professor Júlio César de Mello e Souza
para se trabalhar a Matemática dentro da sala de aula é o uso da literatura,
como ferramenta importante para o desenvolvimento do raciocínio lógico e da
expressão oral e escrita.
Outra técnica abordada por ele é o uso de recursos lúdicos,
como jogos, adivinhas e recreações matemáticas para oportunizar aos alunos a
vivência e o entendimento dos conceitos matemáticos.
Salles nos fornece um exemplo de como era o trabalho do
professor Júlio César de Mello e Souza
(...) você já
imaginou um professor que entra na sala de aula de guarda-pó branco e vareta,
se curva diante do aluno e diz Salam Aleikum, que quer dizer a paz esteja
contigo, em árabe. Depois escreve na lousa uma advinha sobre sapos para dar uma
explicação matemática!
Então, de acordo com a pedagogia de Malba Tahan, o professor
pode utilizar de vários procedimentos para se trabalhar Matemática, por exemplo: histórias, jogos e enigmas.
Abaixo, um exemplo prático de como trabalhar numerização à partir da contação de histórias. Sugerimos a História dos Três Porquinhos.
Abaixo, um exemplo prático de como trabalhar numerização à partir da contação de histórias. Sugerimos a História dos Três Porquinhos.
- Contação da História "Os Três Porquinhos"
- Recontagem do Conto e produção de textos junto com os
alunos, dando novos finais às
história contada
- Criação de situações-problema a partir da história contada
- Exploração de todos os temas que aparecem na história, como:
lateralidade, esquema corporal, cores, noções de tempo e espaço, etc.
- Produção de Desenhos e exposição dos desenhos produzidos
Abaixo, deixamos um vídeo bem humorado sobre o famoso caso dos 35 camelos, proposto por Malba Tahan no livro O Homem que Calculava.
Conversando sobre números, ações e operações
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fonte: Linkedin |
A professora Luzia Faraco Ramos, no livro "Conversas sobre números, ações e operações" nos ajuda a compreender uma forma interessante de trabalhar a Matemática para ajudar as crianças a registrarem suas operações e cálculos.
Segundo ela, é preciso estimular o ensino da Matemática de forma contextualizada, valorizando o conhecimento que a criança já possui.
Para estimular o cálculo mental, segundo esta professora, é muito importante o uso do registro expandido das operações, tendo o cuidado de fazer os agrupamentos,para facilitar a compreensão do sistema de numeração decimal.
Ela insiste em nos mostrar o risco que corremos ao ensinar as crianças que as operações devem ser feitas à partir das unidades. Segundo ela, desta maneira, viciamos os alunos a necessitarem de um apoio (papel e caneta) para a realização das operações. A criança precisa construir a operação vertical para conseguir efetuar a conta.
Esta mesma operação, realizada de forma expandida ficaria assim:
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registro expandido da adição |
Usar de materiais concretos (tampinhas de garrafa pet, palitos, caixas, varetas) e o material dourado são de grande utilidade para as crianças das séries iniciais e os materiais simbólicos são uma excelente ferramenta para ajudar as crianças que estudam a partir do 3º ano.
a
E o cálculo mental?
Percebemos que tanto Malba Tahan como Luzia Faraco Ramos concordam na grande contribuição do lúdico (enigmas e jogos) para estimular o raciocínio e a capacidade de compreender as operações matemáticas.Cabe ao professor propiciar momentos para que os alunos consigam, a seu tempo, desenvolver estas habilidades.
Jogos, brincadeiras, desafios, enigmas, histórias permitem a criança vivenciar de maneira mais concreta certos conceitos matemáticos - principalmente a questão do sistema de numeração decimal - e esta vivência é fundamental para que o cálculo mental torne-se uma realidade para os alunos.
Referências Bibliográficas:
MEIDANI, Helena. Malba Tahan: Matemática, Literatura e
Educação. Dissertação de Mestrado – FEUSP. São Paulo: FEUSP, 1997;
RAMOS, Luzia Faraco: Conversando sobre números, ações e operações: São Paulo: Ática, 2009;
SALLES, Pedro Paulo. A Matemática de Malba Tahan. Ciência
Hoje – das Crianças. SBPC: Revista de Divulgação Científica para Criança, 1995,
Ano 8/ Nº 57;
http://ccft-mat.blogspot.com.br/2012/12/a-escrita-dos-calculos-e-as-tecnicas.html, acessado em 16 de outubro de 2013;
http://revistaescola.abril.com.br/matematica/pratica-pedagogica/usando-calculadora-aprender-429019.shtml, acessado em 16 de outubro de 2013;
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