quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Como registrar os cálculos da Matemática?

Como registrar os cálculos da Matemática? 
Quais são as técnicas operatórias mais importantes para ajudar os alunos a se saírem bem na Matemática?


Estas são algumas perguntas que muitas vezes atormentam pais, professores e alunos quando o assunto é Matemática. Ela não precisa ser um bicho de sete cabeças, nem para o professor nem para os alunos. Tudo é uma questão de conhecer diferentes maneiras de introduzir a matéria e estimular a criatividade da criançada - e dos adultos também.

Para isso, é muito importante que você – pai/mãe, professor ou interessado em ajudar uma criança nos assuntos matemáticos  - estude e selecione atividades que estimulem o aprendiz.
Podem ser vários recursos – os tradicionais e também os lúdicos, como os jogos, músicas e até brincadeiras.

Para responder àquelas perguntas iniciais escolhemos dois estudiosos que nos oferecem sugestões importantes sobre como escolher atividades para ensinar Matemática. Escolhemos o professor Júlio César de Mello e Souza, mais conhecido como Malba Tahan e a matemática, professora, escritora  e psicopedagoga Luzia Faraco Ramos.
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Malba Tahan: o professor ou o contador de histórias?




Júlio César de Mello e Souza, mais conhecido como Malba Tahan, nasceu em 06 de maio de 1895, na cidade do Rio de Janeiro. Engenheiro, professor e escritor,   ensinava Matemática de uma maneira cativante, principalmente porque utilizou da interdisciplinaridade como ferramenta para aguçar o raciocínio dos alunos. Através da Literatura, Júlio César de Mello e Souza construiu histórias interessantes para ajudar os alunos a se encantarem pela Matemática.

O seu mais famoso livro O Homem que Calculava conta a história de Beremis Samir, um árabe que enquanto dirigia-se a Bagdá, conseguia resolver todos os problemas que enfrentava através da matemática.
Desta forma, de maneira lúdica, Malba Tahan comprova que a Matemática é um conhecimento útil e relevante para todas as pessoas. Esta crença ajuda o professor – principalmente das séries iniciais – a fortalecer a idéia de que o  ensino da Matemática precisa ser contextualizado para facilitar a compreensão e o interesse dos alunos.

Um ponto importante da visão de Malba Tahan é a importância de articular o ensino da Matemática com outras disciplinas, para criar nos alunos a compreensão de que esta disciplina é importante para a vida, e não uma disciplina isolada.
Meidani (1997: 145) ao comentar sobre a atuação do professor Julio César de Mello e Souza diz que

(...) ele tinha, sem dúvida alguma, uma relação muito íntima com o
conhecimento e a pesquisa, como mostram seu currículo – deu aula de
diversas disciplinas, além da matemática – e seus livros, nos quais aborda muitos aspectos do saber humano. Fazia relações entre a matemática e outras disciplinas, observava a boa expressão escrita de seus alunos, procurava estimular valores como o respeito, a solidariedade e a generosidade entre eles, criava e recriava toda sorte de estratégias a fim de garantir que sua disciplina fosse compreendida e amada por seus alunos como ele mesmo amava. Era, avant la lettre, um professor de cidadania!

 Podemos pensar que Matemática  deve ser compreendida como uma disciplina que nos leva a experimentar, a encontrar soluções para problemas práticos do dia a dia. Aliás, o vocábulo Matemática deriva dos vocábulos gregos “mathema”, que designa todos os  conhecimentos adquiridos pela experiência, e “tica”, técnica, habilidade.

Neste enfoque, podemos considerar que uma das técnicas utilizadas por Malba Tahan – ou pelo professor Júlio César de Mello e Souza para se trabalhar a Matemática dentro da sala de aula é o uso da literatura, como ferramenta importante para o desenvolvimento do raciocínio lógico e da expressão oral e escrita.
Outra técnica abordada por ele é o uso de recursos lúdicos, como jogos, adivinhas e recreações matemáticas para oportunizar aos alunos a vivência e o entendimento dos conceitos matemáticos.

Salles nos fornece um exemplo de como era o trabalho do professor Júlio César de Mello e Souza
(...) você já imaginou um professor que entra na sala de aula de guarda-pó branco e vareta, se curva diante do aluno e diz Salam Aleikum, que quer dizer a paz esteja contigo, em árabe. Depois escreve na lousa uma advinha sobre sapos para dar uma explicação matemática!
                                                           
                            
Então, de acordo com  a pedagogia de Malba Tahan, o   professor pode utilizar de vários procedimentos para se trabalhar Matemática, por exemplo: histórias, jogos e enigmas.

Abaixo, um exemplo prático de como trabalhar numerização à partir da contação de histórias. Sugerimos a História dos Três Porquinhos.
- Contação da História "Os Três Porquinhos"
- Recontagem do Conto e produção de textos junto com os alunos, dando novos finais às história contada
- Criação de situações-problema a partir da história contada
- Exploração de todos os temas que aparecem na história, como: lateralidade, esquema corporal, cores, noções de tempo e espaço, etc.
- Produção de Desenhos e exposição dos desenhos produzidos 

Abaixo, deixamos um vídeo bem humorado sobre o famoso caso dos 35 camelos, proposto por Malba Tahan no livro O Homem que Calculava.




Conversando sobre números, ações e operações

fonte: Linkedin

A professora Luzia Faraco Ramos, no livro "Conversas sobre números, ações e operações"  nos ajuda  a compreender uma forma interessante de trabalhar a Matemática para ajudar as crianças a registrarem suas operações e cálculos.
Segundo ela, é preciso estimular o ensino da Matemática de forma contextualizada, valorizando o conhecimento que a criança já possui.
Para estimular o cálculo mental, segundo esta professora, é muito importante o uso do registro expandido das operações, tendo o cuidado de fazer os agrupamentos,para facilitar a compreensão do sistema de numeração decimal.


Ela insiste em nos mostrar o risco que corremos ao ensinar as crianças que as operações devem ser feitas à partir das unidades. Segundo ela, desta maneira, viciamos os alunos a necessitarem de um apoio (papel e caneta) para a realização das operações. A criança precisa construir a operação vertical para conseguir efetuar a conta.

Esta mesma operação, realizada de forma expandida ficaria assim:
registro expandido da adição
Os registros expandidos ou decompostos, segundo a autora, são um processo importante para estimular o raciocínio e o cálculo mental, além de possibilitar à criança enxergar o que ela está produzindo.

Usar de materiais concretos (tampinhas de garrafa pet, palitos, caixas, varetas) e o material dourado são de grande utilidade para as crianças das séries iniciais e os materiais simbólicos são uma excelente ferramenta para ajudar as crianças que estudam a partir do 3º ano.
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E o cálculo mental?

Percebemos que tanto Malba Tahan como Luzia Faraco Ramos concordam na grande contribuição do lúdico (enigmas e jogos) para estimular o raciocínio e a capacidade de compreender as operações matemáticas.
Cabe ao professor propiciar momentos para que os alunos consigam, a seu tempo, desenvolver estas habilidades.
Jogos, brincadeiras, desafios, enigmas, histórias permitem a criança vivenciar de maneira mais concreta certos conceitos matemáticos - principalmente a questão do sistema de numeração decimal -  e esta vivência é fundamental para que o cálculo mental torne-se uma realidade para os alunos.


Referências Bibliográficas:

MEIDANI, Helena. Malba Tahan: Matemática, Literatura e Educação. Dissertação de Mestrado – FEUSP. São Paulo: FEUSP, 1997;
RAMOS, Luzia Faraco: Conversando sobre números, ações e operações: São Paulo: Ática, 2009;


SALLES, Pedro Paulo. A Matemática de Malba Tahan. Ciência Hoje – das Crianças. SBPC: Revista de Divulgação Científica para Criança, 1995, Ano 8/ Nº 57;






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