sábado, 31 de agosto de 2013

Número: Como a criança desenvolve este conceito?


foto: Claudia Marianno

Como o professor pode auxiliar a criança no processo de construção do número?

Número....
Criança....
Professor....


Quando pensamos em Matemática, logo nos vem a memória aquela ideia de contas complicadíssimas, números, letras e fórmulas que muitas vezes  dizem muito pouco da nossa realidade. Achamos Matemática difícil e repassamos esta crença para os nossos alunos e filhos.

Mas será que Matemática precisa ser assim tão complicada?
Como nasce a ideia de número na cabecinha de uma criança?

1 2 3: APRENDENDO A MATEMÁTICA DOS NÚMEROS

A maior parte das crianças se diverte com os números. Elas começam a repeti-los, por exemplo, mostrando os dedinhos  quando perguntamos sua idade. Depois  começam a contar os números - 1 , 2, 3, 4 ... -  e da mesma maneira que se encantam com as letras, também ficam curiosas sobre os numerais.

No começo, a criança não tem a menor ideia do significado de número. Ela apenas repete o que os adultos falam sem compreender a relação que existe entre número e quantidade.

Segundo Piaget, para que a criança possa desenvolver o conceito de número é importante que ela desenvolva três conhecimentos: conhecimento físico, conhecimento social e conhecimento lógico-matemático.

Conhecimento Físico

A criança precisa ter contato com muitos materiais porque ela constrói o seu conhecimento através do concreto. Lembra do Piaget? Isso mesmo... A criança precisa manipular vários objetos para reconhecer as semelhanças e diferenças entre eles. Tamanho, cor, peso, altura, forma, textura - quanto mais a criança manipular objetos melhor ela desenvolve o seu cognitivo.

Conhecimento Social

São as convenções sociais passadas de geração em geração. Está relacionado à cultura do indivíduo. Festas e costumes, tradições, datas comemorativas, nome dos objetos. Este conhecimento faz com que a criança se aproprie do mundo dos adultos.

Conhecimento lógico-matemático

O conhecimento lógico-matemático não pode ser ensinado, pois acontece pela ação reflexiva da criança sobre os objetos que ela manipula. Esta ação ajuda a criança a estabelecer relações importantes como comparação, seriação, classificação, correspondência, sequenciação.

Então pais e professores precisam estimular a criança para mexer nos objetos?

Exatamente. Não apenas mexer nos objetos, mas acima de tudo experimentá-los.
A criança, no início de sua vida, adquire o conhecimento através dos sentidos. Então, para que  ela construa o seu conhecimento, ela deverá pegar o objeto,  sentir as textura e perceber o peso. Precisa ser conduzida para observar o formato e identificar as cores. Se for possível, deve também sentir o cheiro e perceber as diferenças que existem naquele objeto comparado a outros. Experimentando os objetos a criança começa também a experimentar o mundo.
foto: google imagens

Como ajudar a criança a perceber a relação entre número e quantidade?

Para compreender a relação que existe entre número e quantidade a criança deve vivenciar situações em que ela tenha que contar, comparar, medir, ligar e preferencialmente, deve fazer isto brincando.

Por isto é importantíssimo brincar com as crianças da Educação Infantil e das primeiras séries do ensino fundamental. 
O professor pode brincar de:
  •  amarelinha, 
  • de pique-esconde (a criança conta de 1 a 10 para poder procurar o amigo), 
  • de pular corda (eu quero saber a idade do seu namorado: é 1, é 2, é 3.... ), 
  • de boliche
  • de cabo de guerra
  • de jogo da velha
  • de bingo
  • de jogar bola no cesto e marcar os pontos 
  •  de bola de gude
  • queimada
  • brincar com pneus (permitir que a criança pule dentro e fora, que conte os pneus, que separe os pneus em grupos)
  • jogo da memória
  • dominó
  • cartas de baralho

ATENÇÃO: Recomendamos  fortemente que você conheça estas ideias interessantes para estimular a criança a formar o conceito de número de forma criativa e lúdica. Para não ferir os direitos de uso das imagens, deixamos apenas o link para você, ok?
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Outra forma de ajudar a criança na construção do conceito de número é envolvê-la em atividades de ajuda na sala de aula. Quer um exemplo?
- João pegue dois livros na estante para a nossa roda de conversa.
O João busca um ou traz vários livros.
A professora mostra pra o João. 
- Olha João. Um livro. Dois livros. Guarde os outros livros na estante.

Outro exemplo?
- Maria, vá na secretaria e pegue duas canetas para mim.
Certamente, a Maria vai voltar brincando com as canetas e enquanto isso vai estabelecendo internamente a relação entre o número dois e a quantidade de canetas que ela trouxe. 
foto: Getty Images

E o Zero? Onde ele entra na História?

Sabemos que levou muito tempo para que o zero pudesse ser representado graficamente.
Zero significa ausência de quantidade.
Da mesma maneira que a criança vai compreendendo que 1 significa uma unidade de algo, aos poucos, ela vai perceber que o zero é um jeito de dizer que não existe aquele objeto naquela situação.

Um jeito bem legal de se trabalhar com o zero é ir trabalhando com o próprio corpo.
Desenha um bonequinho no quadro e vamos contando.
- Quantos olhos?
- Dois.
- Quantas mãos?
- Duas.
- Quantas orelhas?
- Duas.
- E o nariz?
- Um.
- E a boca?
- Uma boca, tia.
- E rabo? Nós temos rabo?
- Nãoooooooooooo.
- Ah.... vamos arrumar um jeito de marcar (de escrever) que nós não temos rabo?
- Vamos!
- Vamos fazer uma bolinha. O Zero!

O ÁBACO E AS 4 OPERAÇÕES


Adição, subtração, divisão ou multiplicação?

foto: google imagens


A adição 

A ideia de adição está presente na vida de todos nós. 
O que você quer comer? perguntamos às crianças.
E elas nos respondem: - Eu quero um pastel e um guaraná.
Aqui já existe a ideia de acrescentar, de juntar. A criança não quer só um pastel. Ela quer um pastel MAIS um guaraná. (E se dermos bobeira, as crianças vão querer muito mais, não é mesmo?)

Então o primeiro mito que precisamos vencer é que a criança precisa conhecer os números para depois aprender a adição. O que a criança precisa para internalizar o conceito de número é ter vivência de situações que explorem o uso deles no dia a dia.

Uma boa forma de se fazer isso é solicitar à criança que nos ajude em tarefas simples e corriqueiras.
- Vamos colocar a roupa no varal. Uma meia e um pregador. Uma meia e um pregador.
- Quantas meias estão no varal?
- Uma, duas.
- Quantos pregadores estão no varal?
- Um, dois.
- Olha que legal! Tem duas meias e dois pregadores.
- Olha como que escreve o número dois.
E mostra o registro daquele número. Mais interessante será se for a própria criança que colocar a meia e o pregador no varal.

- Quantos carrinhos você tem? Vamos contar e guardar na caixa. Um, dois, três....

É importante permitir que a criança verbalize o número, mesmo que ela diga errado, pois assim este conceito será formado internamente.


E a subtração?


Para compreender a subtração é preciso ter em mente que esta é uma operação mais complexa que a adição porque nela está envolvida ações de retirar, comparar ou completar. Não adianta o professor ou os pais insistirem na decoreba de situações-problema.

Olha só este exemplo - muito comum em nossas salas de aula.

A professora explica o problema. Fulano tem 05 bolinhas e Beltrano tem 10. Quantas bolinhas o Beltrano tem a mais que o Fulano?

Pronto! Está feita a confusão!!!
Se o professor  não for paciente  e não utilizar de materiais concretos para que os alunos percebam qual operação devem fazer, possivelmente muitas crianças farão uma adição, pensando que toda vez que aparecer a palavra mais no problema devem fazer continha de mais.

O mais importante no processo de construção do número  é acompanhar o raciocínio da criança e perceber como ela pensa. É um trabalho que requer paciência e tempo para que ela vá compreendendo o processo de fazer operações com os números.

Multiplicar ou dividir?

O mesmo acontece com as operações que envolvem a multiplicação e a divisão. A criança precisa vivenciar situações em que o uso da multiplicação ou da divisão façam sentido para ela.
Não adianta obrigar a criança fazer um "monte" de contas. A criança precisa compreender a razão pela qual ela faz aquela operação matemática.

Vamos pensar numa situação muito comum na sala de aula. A professora recebe uma caixa de tintas para distribuir entre os alunos. Como ela pode fazer esta distribuição? E depois? . No final da aula, ela precisa conferir os potinhos, para saber se todos os alunos devolveram. Como  resolver este problema? 


Concluindo.... 

 
foto: google imagens

Todas as crianças tem o potencial para construir o conceito de número e esta construção acontece através da estimulação dos professores e dos pais. É importante deixar que a criança brinque, pergunte, critique e formule hipóteses para que este processo aconteça de maneira tranquila e sem medos desnecessários.
Aos pais e professores convém lembrar que é necessário respeitar o tempo de cada criança. As crianças são naturalmente curiosas e esta curiosidade é fundamental para a construção do conhecimento matemático.
O número é uma construção importante que a criança faz e leva para o resto da vida. Cabe aos adultos facilitar este processo para que seja um momento bom e divertido para os pequenos.
Afinal de contas, quem é que pode garantir que não estamos despertando um pequeno grande gênio?







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